quarta-feira, 17 de junho de 2009
by Imprensa

Para expansão, sobrevivência e aprimoramento das atividades do terceiro setor, as entidades, cada vez mais, buscam alternativas para especialização da equipe e dos gestores. Os recursos das Leis de Incentivo Municipal, Estadual e Federal, que antes eram pleiteados para execução de projetos com um público alvo mais direto (crianças e adolescentes, moradores de vilas e favelas, etc), agora são concorridos também por projetos com importante papel na formação das equipes das entidades.

Um exemplo está na demanda das organizações não governamentais em Minas Gerais para participação no Programa Pensar e Agir com a Cultura, que é responsável pela realização do Curso de Gestão e Desenvolvimento Cultural, que tem duração média de três meses. O curso, idealizado e coordenado pelo antropólogo José Márcio Barros, surgiu em 2003, a partir do diagnóstico de que na área da cultura a quantidade de improviso no trabalho era grande. A idéia era reunir, entre os participantes, artistas, pessoas do setor público, de entidades do terceiros setor e autônomos para fazerem projetos juntos. Hoje, a procura é grande por parte das organizações não governamentais.

De acordo com José Márcio Barros a necessidade de profissionalização nas ONGs é um dos fatores responsáveis por essa procura. "O terceiro setor procura muito porque as pessoas perceberam que trabalhar no terceiro setor não é uma questão só de militância, é uma questão de competência e, principalmente, competência de gestor, que não é gerente. É uma pessoa que tem que ter competência de ler o cenário, de definir a melhor maneira de fazer o quê, e tem que ser liderança", explica José Márcio. O antropólogo fala também da contribuição e do retorno que o programa tem dado. "Trata-se também de uma questão de alternativa de sobrevivência, porque a descontinuidade também marca o terceiro setor, principalmente com a sazonalidade do financiamento", completa.

AJUDA DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Para além da formação técnica da equipe, hoje as entidades tem buscado apoio de organizações internacionais que tem algum trabalho voltado para os gestores. Nos anos anteriores, a Fundação Avina, mantida por um empresário suíço, selecionou gestores de organizações não governamentais, com trabalho considerado de destaque, em vários países, inclusive do Brasil. Entre as responsabilidades do chamado "Líder Avina" está a realização de projetos conjuntos com líderes de outras localidades e com objetivo mais amplo. Em outra fase, a Avina chegou a apoiar financeiramente a elaboração de projetos para fortalecer as entidades das quais faziam parte os líderes, destinando recursos para contratação de consultores e para reestruturação física das organizações, o que ocorreu, por exemplo, com a ONG Oficina de Imagens, de Belo Horizonte, quando Luiz Guilherme Gomes, um dos fundadores, à época presidente da instituição, foi escolhido Líder Avina. Segundo Luiz Guilherme, as instituições que são parceiras da Avina são beneficiadas também com a rede de troca que é promovida através dos encontros de entidades e dos espaços criados para discussão e trabalho conjunto. Atualmente, a Avina não está selecionando líderes.

A Ashoka é outra organização internacional que apóia empreendedores sociais. Coordenadores, presidentes e diretores de muitas ONGs desejam ser um "Empreendedor Ashoka". Criada há 25 anos, por um americano, a instituição atua em 60 países e no Brasil tem 250 empreendedores. Eles pertencem a uma rede mundial de intercâmbio de informações, colaboração e disseminação de projetos composta por mais de 1600 pessoas. O processo de seleção de um empreendedor é rigoroso. Para a instituição, um empreendedor Ashoka deve ser uma pessoa com as seguintes características: "visionária, criativa, prática e pragmática; que sabe como ultrapassar obstáculos para criar mudanças sociais significativas e sistêmicas. Possui uma proposta verdadeiramente inovadora, já com resultados de impacto social positivo na região onde atua, e demonstra estratégias concretas para disseminação dessa idéia nacional e/ou internacionalmente". A dificuldade, no entanto, não assusta os candidatos que sabem dos benefícios de participar de uma rede de intercâmbio internacional.

Foco na América Latina
Hoje, a maior parte das organizações de apoio internacional têm foco em trabalhos que tenham impacto maior. A Fundação Avina, por exemplo, tem como missão o desenvolvimento sustentável da América Latina. A Fundação Kellog trabalha com países da América Latina e Caribe. No Brasil, o foco a região nordeste.

SE UNINDO AS INSTITUIÇÕES
Com as transformações no modo de trabalho, o trato com as organizações não governamentais também muda. A Fundação Avina, hoje, tem entre os objetivos a colaboração para cidades mais justas e sustentáveis, como explica Gláucia Barros, analista de projetos da Avina, no escritório de Belo Horizonte. Na capital mineira, hoje a Avina e várias fundações se unem em torno do movimento "Nossa BH". "A idéia é fazer grupos em várias áreas: saúde, educação, trânsito, cultura para discutir políticas públicas. A partir do acompanhamento do orçamento da prefeitura, propor novos indicadores para acompanhar e, depois, fazer propostas para o setor público", explica Patrícia Faria, secretária executiva do movimento "Nossa BH". O movimento está em convocação constante para participação de toda sociedade, inclusive das organizações do terceiro setor.

ONDE ENCONTRAR INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SETOR

A Rits - Rede de Informações para o Terceiro Setor é uma organização privada, sem fins lucrativos, com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Foi fundada em 1997 com a missão de ser uma rede virtual de informações, voltada para o fortalecimento das organizações da sociedade civil e dos movimentos sociais. O site da instituição e o boletim eletrônico, que está temporariamente suspenso, são importantes fontes de informação para as organizações do terceiro setor e também para os financiadores. Do Núcleo de Estudos Pesquisa e Formação da RITS, surgiu o Instituto Nupef que produz a revista Politcs, distribuída para assinantes. A Rits produz também a Rets - a Revista do Terceiro Setor. As matérias podem ser lidas no site da instituição que tem atualização constante de notícias.

Favela é Isso ai

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