quarta-feira, 28 de outubro de 2009
by Imprensa

Não há dúvida de que produção brasileira de filmes está crescendo, mas o cineasta ainda deve batalhar pelo seu espaço no mercado de trabalho. Em 1990, foram lançados sete títulos nacionais. Em 2002, esse número aumentou para 35. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que, até o fim da atual gestão, devem ser produzidos cerca de cem filmes por ano.

O principal concorrente, segundo Leopoldo Nunes, cineasta e chefe de gabinete de Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, são os filmes americanos, que abocanham mais de 90% do mercado nacional. A produção brasileira também concorre com a televisão a cabo.

Para ele, quem pretende seguir a carreira deve procurar nas outras áreas do audiovisual um meio para bancar o próprio sustento enquanto produz filmes para o cinema. Nesse caso, as áreas aquecidas são as de filmes publicitários e institucionais.

Na primeira, o profissional irá transformar em imagem, som e ação as idéias das agências de publicidade. É comum que essas empresas contratem produtoras, que podem ser formadas pela união de profissionais da cinematografia, para filmar um comercial.

A filmagem institucional, por sua vez, consiste em apresentar uma empresa ou entidade por meio de uma fita ou mesmo de um CD-ROM.

A estratégia do ministério é fomentar a produção nacional, por meio de políticas que incentivem o setor privado a investir em filmes brasileiros e da abertura de concursos públicos para a produção de filmes. O órgão abriu 155 licitações (www.cultura.gov.br) para a realização de produtos desde os curta-metragem até os longa-metragem.

A produção de um filme começa na argumentação, explica José Gozze, chefe do Departamento de Cinema da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Isso é o processo de transformar um texto de livro, por exemplo, em uma idéia que pode ser filmada.

A partir desse conceito é desencadeada uma série de outros processos. Segundo ele, o profissional pode se especializar no desenvolvimento do roteiro, na direção de cenário, na coordenação do trabalho dos atores, no manejo da iluminação e da fotografia e na produção de som.

Todos os conceitos da produção serão trabalhados durante o curso de graduação, e o estudante pode buscar a especialização em estágios nas áreas relacionadas e na pós-graduação.

Na USP, o curso de cinema e vídeo foi fundido com o de rádio e televisão. O estudante interessado deve se inscrever na graduação em audiovisual (53 candidatos por vaga, no último vestibular).

Fonte: Folha de S.Paulo

quinta-feira, 15 de outubro de 2009
by Imprensa

Atualmente aglomerações subnormais (termo técnico para favelas) constituem um problema mundial de difícil solução.
Apesar do fenômeno ter características distintas nos diversos países onde vem se desenvolvendo, não há dúvida que um dos principais componentes é o crônico desequilíbrio social.
O empobrecimento da população associado à escassez de habitações dignas a preços accessíveis, e principalmente a inexistência de políticas públicas com o objetivo de buscar soluções, têm levado à expansão de favelas em ambiente urbano em praticamente todo mundo.
Aqui vale mencionar um aspecto interessante. A Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas não publica dados sobre o fenômeno da favelização em países desenvolvidos como Estados Unidos e países da Comunidade Européia. Também não há dados sobre a Rússia nem sobre o Japão.
Contudo, o fenômeno existe e vem ganhando contornos preocupantes.
Somente nos Estados Unidos há 2 milhões de sem teto e com a crise hipotecária, em 2009 outros 2,2 milhões se somarão a estes.
Na Europa a situação não é muito melhor. Dados da União Européia mostram que a pobreza hoje atinge 72 milhões de pessoas na região o que representa 16% da população.
Segundo a ONU, no mundo inteiro, atualmente um bilhão de pessoas vivem em favelas, e, se a atual tendência continuar, esse número chegará a 2 bilhões em 2030.
Em países desenvolvidos da Europa o fenômeno do surgimento de favelas é relativamente recente e está associado a imigração de indivíduos oriundos de países pobres.
Na Índia e na China o problema é mais antigo e está ligado exclusivamente a pobreza e inexistência de uma política pública.
No Brasil a favelização teve início com a abolição dos escravos. Durante décadas seu crescimento foi lento e não esteve associado à violência nem ao crime organizado. Atualmente a favelização dos centros urbanos no Brasil é um problema político.
Os dois candidatos a prefeito do Rio de Janeiro que restaram para o segundo turno, apresentam um discurso dúbio. De um lado pregam lei e ordem. Do outro lado já declararam que não pretendem remover favelas. Os discursos são obviamente incoerentes e até conflitantes.
Soluções técnicas para erradicação de favelas e inclusão social de suas populações existem. Contudo, tais soluções têm sido rejeitadas por políticos e pela própria população que numa relação de simbiose e parasitose se beneficiam do caos que reina. Vale notar que o crime organizado tem feito um grande esforço junto a população e mesmo a políticos para evitar a urbanização de favelas.
O que povo e políticos medíocres não percebem, é que estão destruindo a Nação e negando um futuro digno às próximas gerações.
Segue um breve histórico para compreender melhor a questão da favelização no Brasil e especialmente no Rio de Janeiro.
Na década de 70 do século passado, presos políticos treinaram e ajudaram criminosos comuns a se organizarem. Assim com a ajuda da esquerda composta predominantemente por terroristas com cursos em Cuba e na China, nasceu no presídio da Ilha Grande a primeira facção do crime organizado, conhecida como Comando Vermelho.
Este se instalou em favelas do Rio de Janeiro, onde encontrou ambiente propício para rapidamente crescer, se desenvolver e expandir.
Em 1982 Leonel de Moura Brizola elegeu-se governador do Estado do Rio de Janeiro. Sua política populista transformou favelas em redutos intocáveis. A expansão era tolerada e a polícia foi proibida de atuar em favelas, a não ser casos excepcionais.
Logo o crime organizado fincou raízes e teve início uma nova fase que foi a infiltração de criminosos no Estado e constituição de milícias.
Do ponto de vista geográfico e construtivo as favelas oferecem grande vantagem defensiva aqueles que lá se instalaram com armas.
Além disso, a população foi tolerante e via criminosos como beneméritos preenchendo um vazio deixado pelo Poder Público. As autoridades foram míopes em não anteverem o futuro mais óbvio do casamento perfeito que foi o crime organizado com populações carentes e abandonadas pelo Estado.
Em pouco tempo surgiram outras facções do crime e favelas de outros centros urbanos foram dominadas.
No Rio de Janeiro, todos os prefeitos e governadores que governaram desde a década 80 adotaram políticas permissivas e extremamente tolerantes em relação à questão da favelização e ao crime organizado.
A questão é simples. A população de favela representa um gigantesco colégio eleitoral.
Atualmente (referência IBGE/2008) o município do Rio de Janeiro tem 6.161.047 habitantes. Desses, segundo o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (Prefeitura do Rio), aproximadamente 2 milhões vivem em favelas e loteamentos clandestinos. Em termos percentuais temos aproximadamente 32% da população do município em aglomerações subnormais.
Em termos de área a expansão continua incontida.
Na prática, favelas eram e continuam sendo a versão moderna de currais eleitorais. Grande parte dos políticos que hoje estão no poder, se elegeram à custa de políticas de incentivo à ilegalidade e fomento da favelização.
Essa é precisamente a razão de favelas terem sido transformadas em santuários intocáveis, com ampla legislação a protegê-las.
Ainda segundo o Instituto Pereira Passos, existem no Rio de Janeiro mais de 750 favelas cadastradas.
Como não temos políticos sérios efetivamente comprometidos com o futuro do país e mesmo do povo, ninguém ousa apresentar um projeto que represente uma solução definitiva para favelas.
Todos que governaram até hoje, sem exceção, deram continuidade ao caos permitindo, incentivando e até financiando a fundo perdido, a expansão de favelas.
Somente o Favela Bairro custou aos cofres públicos US$ 600 milhões com um aditivo de US$ 300 milhões em fase de negociação com o BID.
Outro exemplo típico é o Cimento Social, versão tão populista quanto equivocada como o Favela Bairro. O programa do ex-bispo e Senador Marcelo Crivella pretendia reformar 782 barracos ao custo de R$ 16,2 milhões. Os barracos não seriam apenas reformados, mas também receberiam um revestimento blindado. É evidente que esse item só virá a melhorar a defesa de criminosos encastelados nos morros. O programa foi paralizado em decorrência de um incidente envolvendo o Exército que foi arrastado numa aventura irresponsável e criminosa pelo presidente Lula e por Marcelo Crivella.
O programa Favela Bairro que César Maia transformou na “grande” obra de seu governo, apesar de premiado internacionalmente, é mera fachada. Aqueles que premiaram o programa talvez devessem se hospedar uma temporada numa favela para conhecer a realidade daquilo que financiaram e elogiaram.
O último relatório publicado no site da secretaria Municipal de Habitação mostra números que talvez impressionem a primeira vista. Contudo a análise detalhada desses números deixa claro que este é mais um programa populista, pois transforma pífias intervenções de resultado inexpressivo, em grandes números que fora do contexto geral nada representam e são propaganda enganosa.
Pavimentar ruas, implantar esgoto, construir creches, quadras de esportes e queimar recursos públicos para legitimar o caos é imoral. Segue a publicidade dos gestores do programa.

OS GRANDES NÚMEROS DO FAVELA-BAIRRO
(Fonte – Prefeitura do Rio de Janeiro – Secretaria Municipal de Habitação)
2,28 milhões m² de ruas pavimentadas (06 Pontes Rio–Niterói).
636 mil m² de áreas de lazer (89 campos do Engenhão).
678 mil m de redes de água (2 vezes a distância Rio de Janeiro – São José dos Campos, SP).
731 mil m de redes de esgoto (maior que a distância Rio – Ribeirão Preto, SP).
291 mil m² de contenção de encostas.
380 mil m de redes de drenagem (2 vezes a distância Rio de Janeiro – Juiz de Fora, MG).
173 mil m² de edificações (1,5 vezes a área construída do Engenhão).
378 praças.
28 mil pontos de luz.
40,6 mil árvores/mudas plantadas.
45 comunidades atendidas pelos Postos de Orientação Urbanística e Social (Pousos).
81 creches.
111 quadras de esporte.
25.102 domicílios em 934 ruas legalizadas (nº de domicílios igual a cidade de Itaperuna).
11 mil pontos de coleta de lixo.
22,3 mil pessoas reassentadas (maior que a população da cidade de Silva Jardim, RJ).

Reassentar 22,3 mil pessoas num universo de praticamente 2 milhões chega a ser ridículo.
Muito se gastou em quadras e áreas de lazer e nada foi feito para conter a expansão ou integrar favelas ao centro urbano respeitando a legislação de uso e ocupação do solo vigente.
O Favela Bairro não resolveu a questão fundamental que é a ocupação caótica. Pelo contrário, o dinheiro gasto apenas fez com que o Estado legitimasse a ilegalidade tornando uma solução tecnicamente limpa e definitiva mais difícil e onerosa.
O espírito do Favela Bairro e programas similares é aquele de oferecer ao povo migalhas e miçangas e não molestá-lo com imposição de ordem e lei. Assim a expansão não é contida, as construções não respeitam qualquer legislação, o comércio está livre de taxas, impostos e fiscalização, não há imposto territorial urbano e o furto de água, energia e sinal de TV são consentidos, entre outras muitas “vantagens”.
Quem imagina que são apenas miseráveis se beneficiando do “vale-tudo” está equivocado. Além do crime organizado, existem empresas do ramo da construção civil, comércio e serviços que movimentam uma economia de mais de R$ 10 bilhões por ano (referência 2007).
Essa é a razão da população se opor sistematicamente a qualquer projeto de urbanização ou remoção.
Além disso, favelas são territórios livres onde a lei brasileira não vige.
A única lei que vige é aquela imposta pelo crime organizado. Por absurdo que pareça, grande parte da população local endossa e apóia o crime. Tanto assim que elege seus beneméritos, uma mistura de político e bandido. As últimas eleições mostraram claramente o apoio da população a representantes do crime organizado.
A questão é muito mais grave do que aparenta ser. Não se trata apenas de vereadores ou deputados com ficha criminal sendo eleitos. A campanha política no Rio de Janeiro e acontecimentos recentes envolvendo o chefe de polícia Álvaro Lins, mostraram alianças políticas que revelam quanto nossos políticos estão comprometidos com bandidos e com o fomento da ilegalidade. As alianças evidenciaram uma teia que envolve bandidos, candidatos, vereadores, deputados, prefeito, governador e obviamente a própria população.
Agora para completar o ciclo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST identificou em bandidos, senhores das favelas, potenciais aliados e já tratou de formar alianças. O lider do MST José Rainha Junior declarou, em nome do MST, apoiar Luiz Claudio de Oliveira ou Caludinho da Academia (PSDC) , um dos líderes da favela da Rocinha.
José Rainha Junior responde a vários processos criminais. Num deles a Justiça de São Paulo determinou sua prisão, por 10 anos em regime fechado. Está “foragido”, apesar das aparições públicas.
Claudinho da Academia está sendo investigado por envolvimento com o tráfico e crime organizado e tem 22 anotações penais. Contudo foi eleito vereador.
Com isso, o MST que já mantinha relações com as FARCs, um grupo de narco-guerrilheiros, se aproxima do centro de distribuição de drogas e de milícias.
O fato é que as atuais políticas são um verdadeiro incentivo ao crime e à expansão de favelas.
Enquanto de um lado se gastou alguns bilhões de recursos em intervenções populistas e eleitoreiras como reformas de barracos e obras de fachada, do outro se permitiu e incentivou a expansão de favelas, abrindo novas frentes para expandir e perpetuar essa política medíocre.
Com isso, desde 2007 ocorreram pelo menos 1455 novas ocupações irregulares.
O país passa por um momento difícil com bárbaros tomando o poder, subvertendo todos os valores e nos impondo uma cultura decadente sob todos os aspectos.

Morrer vítima do crime se tornou banal e apenas altera estatísticas.
Pichar muros, patrimônio público e privado foi alçado ao status de expressão de arte.
Impor a vizinhos músicas ensurdecedoras que fazem apologia ao crime e à promiscuidade, passou a ser um direito tácito na contra-mão do respeito mútuo e das leis vigentes.
O cinema brasileiro tem sido pródigo em retratar a miséria como se toda tragédia urbana que o país vive, tivesse muito glamour. Apesar dos inúmeros aspectos positivos do Brasil, tanto televisão como o cinema têm dado preferência a disseminar a contra-cultura e valores subvertidos ou até pervertidos.
Na realidade praticamente toda mídia embarcou no populismo e sob a bandeira da defesa dos excluídos, tem incentivado essa barbarização da Nação. Programas de rádio e televisão de baixo nível explorando e disseminando a contra-cultura vicejam como erva daninha. A disputa parece ser pelo troféu mediocridade.
Todos aqueles que conseguem se abrigar sob o manto dos “excluídos” ou “injustiçados”, ganham salvo-conduto para transgredir leis como se a sociedade devesse compensá-los pelo suposto destino injusto.
Aos “excluídos” e ”injustiçados” é permitido cometer crimes impunemente com direito a discurso político e ministros de Estado justificando a barbárie como se a constituição e as leis vigentes não existissem.
Aqui é importante ressaltar que “injustiçados” ou “excluídos” não são miseráveis, desvalidos ou indivíduos desprovidos de direitos, posses e necessitados de amparo, mas sim aqueles que se outorgam os títulos de “excluídos” e “injustiçados”.
Nesse grupo estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, muitos dos que se dizem índios ou quilombolas e grande parte da população que optou por viver à margem da lei por mera conveniência, comodidade ou ganância.
Desmatar área de reserva, invadir propriedade pública ou privada, construir sem licença, desrespeitar o código de obras, furtar água, furtar energia, sonegar, saquear, depredar e outros atos são crimes claramente tipificados na legislação. Contudo, estas e tantas outras leis não valem para “excluídos” e “injustiçados”.
Por outro lado, aqueles que não se enquadram nessa categoria nem naquela dos políticos, são os vilões responsáveis por todas as mazelas da sociedade. Contra estes a lei é rigorosa, os impostos são extorsivos e não há qualquer tipo de perdão.
Essa total inversão de valores e a glamourização da contra-cultura não levarão o país a progredir. Pelo contrário, mergulharemos numa espiral decadente que acentuará cada vez mais diferenças.
Precisamos reverter esse quadro e valorizar o que realmente tem valor.
Todos são iguais perante a lei. Esse princípio considerado uma cláusula pétrea da Constituição Brasileira precisa ser resgatado e aplicado até as últimas conseqüências.
Bandidos devem ser tratados como bandidos, sejam eles pobres ou ricos, vereadores, deputados, prefeitos, governadores ou gente do povo.
Favelas precisam perder o status de santuários.
A remoção de favelas juntamente com uma política de segurança pública bem estruturada quebrarão a espinha dorsal do crime organizado.
Se fomos capazes de erguer uma cidade como Brasília no período de um governo, por certo somos capazes da dar uma solução digna para favelas.
O Brasil tem a chance de servir de modelo para o mundo, basta vontade política.

Bruno Engert Rizzo

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