quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
by Imprensa

No ano de 2001 a ONU instituiu o Ano Internacional do Voluntário com adesão de 132 países. A iniciativa pretendia reconhecer e incentivar o trabalho dos voluntários, aqueles que doam seu tempo e talento aos que precisam de ajuda, estimulando outras pessoas a fazerem o mesmo. Formou-se um Comitê Brasileiro para gerir o Ano Internacional do Voluntário no Brasil, coordenando atividades que buscavam sensibilizar pessoas e organizações sociais para o trabalho voluntário.

Nessa época a palavra voluntariado ecoava em vários cantos do Brasil de uma maneira muito discreta. Hoje, essa palavra se transformou na expressão de um desejo, o desejo de Fazer Parte, de transformar nossa realidade, de acolher nosso povo.

Quando iniciamos a jornada do Ano Internacional do Voluntário não podíamos imaginar que a causa ganharia a dimensão que tomou entre os brasileiros. O país respondeu com entusiasmo à mensagem de que a doação de tempo e talento em prol da comunidade pode promover uma verdadeira transformação de nossa realidade. A questão do trabalho solidário ganhou terreno nas empresas, conquistou o cidadão comum e está recrutando novos adeptos a cada dia nos mais distintos extratos da sociedade.

Definitivamente, estamos descobrindo nossa vocação social. Basta olhar para o mundo corporativo. Grande parte do contingente das companhias privadas que operam no país já está realizando algum trabalho junto a comunidades carentes, dedicando tempo e esforço de colaboradores a projetos sociais. Pesquisa do IPEA mostra que das 782 mil empresas privadas do país, 462 mil (59%) já realizam alguma atividade social.

Mas o exemplo não vem só das empresas. O cidadão comum, anônimo, está se envolvendo a cada dia mais com o trabalho voluntário. Segundo pesquisa da ONU, o número de voluntários no Brasil passou de 22 milhões, para 42 milhões após o Ano Internacional. Outro dado também chama atenção: uma pesquisa DataFolha revela que 83% dos brasileiros acham que o trabalho voluntário é muito importante para o país, isso comprova que demos um salto qualitativo. O brasileiro já vê no trabalho voluntário uma ferramenta estratégica na luta pela cidadania, e não é só o brasileiro que notou essa importante ferramenta de inclusão.

O Ano Internacional do Voluntário foi um marco no Brasil ao motivar a ação de milhões de brasileiros. O reconhecimento ao Brasil foi tamanho que em novembro de 2002, o Faça Parte – Instituto Brasil Voluntário, foi convidado a apresentar um relatório de avaliação do Ano Internacional do Voluntariado e uma proposta de continuidade para o mesmo em assembléia geral na ONU. O trabalho voluntário foi colocado como estratégia mundial para o desenvolvimento social. E o mais impressionante é que 132 países participaram do Ano Internacional do Voluntário e a resolução apresentada pelo Brasil foi endossada por 144 países.

A participação social é um talento natural do povo brasileiro, e nossa atuação no Ano Internacional do Voluntário comprovou isto. O Brasil foi considerado pela ONU o país que mais se destacou em 2001, um exemplo de solidariedade para o mundo: cerca de 20 milhões de voluntários foram mobilizados; milhares de empresas assumiram sua responsabilidade social, estimulando a participação de seus colaboradores; e houve uma multiplicação dos Centros de Voluntariado nas principais cidades do país, num movimento sem precedentes.

Acreditamos que o trabalho voluntário é fundamental para tornar o Brasil mais justo. Fortalecer a cultura e a prática do voluntariado significa promover a participação cidadã. Por meio dela conseguiremos fazer com que cada brasileiro sinta-se parte ativa na construção de uma nação socialmente mais justa.

Embora já formemos uma poderosa rede de colaboradores, ainda somos poucos para abraçar a tarefa que está aí. Há muito por fazer. O Ano Internacional do Voluntário não deve ser encarado como uma tarefa concluída. Estamos, na verdade, vivendo a década do voluntário. A conquista de novos adeptos, a profissionalização dos projetos sociais, a capacitação de líderes, a renovação do interesse daqueles que já põe a mão na massa em prol do social, e o fomento de caminhos alternativos se colocam como desafios permanentes. Temos que fazer a nossa parte na construção de um mundo mais justo socialmente.

* Milú Villela é Presidente do Centro de Voluntariado de São Paulo e do Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
by Imprensa

A Associação Cultural de Comunicação Comunitária Favela FM é uma entidade de caráter comunitário, sem fins lucrativos, que se estruturou a partir de iniciativa autônoma de moradores da vila Nossa Senhora de Fátima, localizada no Aglomerado da Serra na cidade de Belo Horizonte.

Sua origem remonta aos eventos de cunho musical e cultural que se realizavam como alternativa de lazer no final dos anos 70 nas ruas próximas à favela. A intenção de criar um espaço para divulgar música e cultura negra, falar da discriminação contra os moradores da favela e conscientizar os jovens da comunidade quanto aos problemas relacionados à violência e às drogas, agravados com a entrada do tráfico que então se instalava naquela local, levaram a que, algumas pessoas ligadas à organização de tais eventos, tomassem a iniciativa de montar também uma rádio.

Assim, entra no ar, no ano de 1981 a Rádio Favela, "a voz do morro". A Rádio começou a funcionar precariamente com um transmissor à bateria, um toca-discos a pilha (pois ainda não havia energia elétrica na favela) e equipamentos improvisados. Devido à forte repressão que existia no país, a rádio não podia permanecer em um mesmo local por muito tempo e mudava-se de barraco em barraco, ampliando gradativamente, o número de pessoas da própria comunidade com ela envolvidas.
Embora o funcionamento da Favela FM tenha sido marcado por interrupções não intencionais, devido à perseguições políticas e policiais (a rádio teve seus transmissores lacrados por três vezes), ou à situações de calamidade (o barraco onde funcionava o estúdio foi inundado na época das chuvas, no ano de 1995), a rádio persistiu e continua no ar.
Em 1996, a Rádio Favela, falando do alto de um aglomerado populacional onde moram atualmente mais de cento e sessenta mil habitantes, se institui legalmente como uma entidade cultural, reforça seu caráter comunitário e adquire um alvará de funcionamento fornecido pela Prefeitura.

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