segunda-feira, 13 de abril de 2009
by Imprensa

O bar, restaurante e danceteria, que recebe cerca de 600 convidados a cada noite – entre eles modelos e celebridades –, quer trazer para a Grã-Bretanha a fórmula que tem sido um sucesso em solo francês: comida brasileira, regada a caipirinha, decoração inspirada nas favelas e música que mistura o tradicional samba com o funk carioca, R&B e hip-hop.

A música, aliás, é o carro-chefe do negócio, que também tem uma produtora, a Fla Flu. Daí já saíram três coletâneas compiladas pelo DJ francês Gringo da Parada, um dos três sócios do Favela Chic e fã da música do Brasil.

O quarto CD da série deve ser lançado ainda neste ano junto com outras duas produções, uma do Seu Jorge, sambista e ator do Cidade de Deus, e outra dos DJs Tchiky al Dente e M Zero.

Energia

Para comemorar a expansão do negócio, a equipe do Favela Chic fez uma festa no bairro londrino de Notting Hill.

O gaúcho Jorge Nasi, sócio e responsável pela decoração, usou véus e buquês de noiva pendurados no teto para celebrar o “casamento” com Londres.

Assim como em Paris, a decoração era simples, mas abusava das cores e texturas. O chão não tinha cobertura e as paredes não eram pintadas. O cimento e a madeira ficavam a olho nu.

“Eu me inspiro na favela e faço uma mistura de materiais reciclados, do lixo, e novos”, conta Nasi.

A brasileira Rosane Mazzer, idealizadora do Favela Chic, diz que tudo começou, em 1995, quando ela teve uma “reação contra a imagem que o Brasil tinha em Paris”.

“Era uma imagem de Terceiro Mundo que não correspondia com a energia atual e criativa do Brasil. Então quis fazer um QG onde as pessoas bacanas pudessem se encontrar e que tivesse essa troca cultural como eu me imaginava.”

Para definir o que é o Favela Chic, Rosane diz que isso “é meio difícil de explicar” porque “não é um restaurante, não é um bar nem boate”.

“É tudo isso misturado. É uma bagunça e isso faz parte do Favela Chic: desordem e progresso”, afirma.

Questionada se é essa a receita de sucesso do Favela Chic, Rosane responde apenas que “tem que ir lá para conferir”.

Londres

Se depender de quem estava na festa do Favela Chic em Londres, essa fórmula deve dar certo na capital inglesa.

“É uma atmosfera muito boa, a música é descontraída, as pessoas são muito amigáveis e a decoração envolve todo o espaço”, descreveu a londrina Rebecca Collins, que estava na festa do Favela Chic pela primeira vez.

Para Veronika Barnova, da República Tcheca, que foi à festa acompanhada por amigos brasileiros, será “ótimo ter uma filial do Favela Chic em Londres”.

A comunidade brasileira em Londres também já dá boas-vindas ao futuro negócio.

Karina Spooner, do Brasil, ficou impressionada com a música, o que, para ela, é o “diferencial” da festa.

Favela Chic em Paris
A música do Favela Chic é um 'caleidoscópio' de todos os estilos

“Essa noite sai do estereótipo que se tem de brasileiros em Londres, onde os lugares só têm samba e forró. A música brasileira é muito mais do que isso e o Favela Chic preenche essa brecha que tem no mercado”, afirmou.

O inglês Alex Bellos, que morou no Brasil, acha que o Favela Chic tem uma “vibração diferente” e que o som é “original”.

“Tenho os dois primeiros CDs do Favela Chic. É interessante o que os DJs franceses fizeram: foram ao Brasil e encontraram diferentes batidas de música que os próprios brasileiros ignoravam – muito samba e funk carioca –, fizeram um mix e produziram esses CDs. São músicas que nem tocam em danceterias lá e os franceses redescobriram esse som que agora faz sucesso em Paris e Londres.”

‘Fenômeno brasileiro’

O terceiro volume do CD Posto Nove, do Favela Chic, “é ótimo” e “tem uma variedade selvagem” de sons, segundo o jornal britânico The Guardian.

O Favela Chic é um “fenômeno brasileiro”, escreveu o jornalista britânico Robin Denselow.

O DJ Gringo da Parada diz que ele e os DJs Tchiky al Dente e M Zero tentaram reproduzir na música a arquitetura encontrada na favela – uma mistura de coisas novas e velhas.

“É como um caleidoscópio contendo todos os estilos e tempos”, diz. “O Brasil tem uma grande variedade de música. Você não pode falar da música brasileira, mas, sim, das músicas brasileiras. Todos os dias aprendo alguma coisa nova.”

O quarto volume já está sendo produzido e deve chegar às prateleiras até o fim deste ano.

O CD do Seu Jorge, “um dos grandes talentos atuais”, segundo o DJ Gringo da Parada, será lançado em setembro.

Os DJs Tchiky al Dente e M Zero estão trabalhando em um projeto de hip-hop e funk, com participações de Marcelo D2, z’Africa Brasil, Rappin’ Hood e Mister Catra, entre outros, e também têm estréia prevista para o segundo semestre.

E, enquanto a filial em Londres não abrir, o Favela Chic continuará promovendo festas na capital inglesa.

A próxima já está marcada para maio. Mais uma chance para celebrar a “alma brasileira”.

sexta-feira, 3 de abril de 2009
by Imprensa

Vivemos, no Brasil, uma polarização entre a riqueza e a pobreza, desenvolvimento e atraso tecnológicos. Temos cursos de doutorado e instituições de pesquisa de ponta e convivemos com altos índices de analfabetismo, doenças endêmicas e condições precárias de existência em muitas regiões do país. Enfim, no país inteiro observamos cenários sociais e culturais visivelmente opostos, onde existem algumas tentativas de intercâmbios culturais, mas sem resultados efetivos e concretos.

Diante desses vários “Brasis”, faz-se necessário desenvolver novas estratégias para termos intercâmbios igualitários. Estratégias essas que devem ir além de ações culturais isoladas geograficamente ou socialmente e que permitam a participação de todos, sem exclusão alguma.

È imprescindível desenvolver e promover diálogos profundos, sem barreiras e constantes, com a população carente, que teima em viver, mesmo sem suas necessidades básicas atendidas, como: alimento, energia, educação e moradia. Infelizmente esta é a realidade de um universo significativo da população brasileira que vive no descaso governamental.

Acredito que é importante pensar na multiplicidade, nas diferenças, nos hibridismo, tanto de homens quanto de conceitos e de formas, nos cruzamentos em que os temas polêmicos se roçam sem se tocarem realmente, mas dos quais saem modificados.

Nós da CUFA proporcionamos a integração entre as minorias, como por exemplo: moradores das periferias, negros, mulheres, homossexuais e outros, através de um novo olhar. Um olhar que descobre a diversidade sem hierarquias e sem preconceitos, como algo que constrói e que, talvez, seja o diferencial e a riqueza da CUFA.

Os movimentos sociais criados recentemente são tão importantes para o país e estão tendo os holofotes garantidos no governo Lula e irão crescer, na medida em que a sociedade em geral entenda o real papel que eles desempenham no processo político, econômico, social e cultural do Brasil.

Atualmente, vemos que a questão social, esta tendo um forte destaque também no setor privado, e, já esta sendo incorporado no modelo de gestão, que vem se tornando estratégia empreendedora da maioria das empresas sintonizadas com o mercado globalizado, cada vez mais exigente, em relação à dinâmica de seus negócios e à sustentabilidade empresarial.

Em minha opinião devemos ter um novo olhar para tratarmos destas enormes desigualdades que vivenciamos em nosso querido Brasil. Tentar minimizá-las com soluções que passam pelo social, é uma forma de permitir um crescimento mais igualitário para as regiões menos favorecidas. Acredito que, cabe a nós, brasileiras e brasileiros, tecermos outras redes nas quais impere a igualdade cultural, mas dentro da diversidade que nos constitui. Só assim teremos condições de transformar culturalmente nosso país.

Flavia Ivar

Núcleo de Projetos - Cufa MG

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